Um dos primeiros passos para aprender a investir é sem dúvidas este: saber o que são e no que se diferenciam a renda fixa e a renda variável, os dois grandes grupos em que se dividem os diferentes tipos de investimentos.
Entendendo renda fixa e renda variável
A renda fixa, no geral, concentra as opções mais previsíveis e estáveis, com rendimentos definidos, como é o caso do Tesouro Direto ou da mais tradicional delas, a poupança.
A renda variável, por outro lado, é onde estão as ações em bolsa e outros tipos de aplicação que flutuam conforme o mercado, o que embute mais riscos de perda, mas também não tem limites para os ganhos.
A melhor cesta de investimentos é aquela com um portfólio diversificado, que abarque um pouco do que cada um dos dois tem a oferecer: títulos de renda fixa que garantam a manutenção de uma parte do patrimônio e ativos de renda variável que turbinem os ganhos na outra.
Com uma carteira variada, cada um dos ativos protege os outros, melhorando a eficiência da carteira. É preciso entender que não existe um ativo eficiente, mas sim uma carteira eficiente de ativos.
E esta carteira deve conter ativos de renda fixa e renda variável.
A carteira de renda fixa proporciona manutenção do patrimônio e também confere liquidez aos ativos, embora ofereça rentabilidade baixa.
Pode ser usada para objetivos de curto, médio e longo prazos. A renda variável, por sua vez, proporciona rentabilidade e também liquidez à carteira de ativos, embora ofereça menos segurança.
Há uma pequena “fórmula”, a chamada “regra dos 100”, que ajuda a ter ideia de por onde começar: subtraia sua idade de 100 e será está a proporção dos seu capital a colocar na renda variável.
Assim, por exemplo, uma pessoa de 40 anos (100 – 40 = 60) deveria “arriscar” 60% de seus investimentos da renda variável e manter os 40% restante protegidos na fixa.
Não existe, porém, uma resposta definitiva do quanto dosar de cada um. Isso varia com o momento da vida, o capital disponível, os objetivos…
O importante é saber bem como funciona cada uma das opções e, principalmente, conhecer bem sua estratégia de investimento bem como seus objetivos.
RENDA FIXA
O que é renda fixa?
A renda fixa é um empréstimo ao emissor.
A adquirir ativos de renda fixa estamos, na verdade, emprestando dinheiro a uma das três instituições: banco, Governo ou empresa privada.
Em troca deste empréstimo, recebe-se uma remuneração que pode ser pré ou pós fixada.
Pré-fixado e pós-fixado
Os investimentos pré-fixados são aqueles que determinam o rendimento exato no ato da aplicação, ou seja, eles se propõem a remunerar um percentual fixo.
É o caso de alguns títulos públicos e CDBs. Isso permite que você saiba exatamente qual será o valor final de sua aplicação desde o primeiro dia.
As Letras do Tesouro Nacional (LTN), por exemplo, um dos tipos de título público pré-fixado, estão oferecendo atualmente um rendimento de 9,97% ao ano até 2023.
Já os investimentos pós-fixados são atrelados a índices pré-definidos mas que flutuam ao longo do tempo, como indicadores de inflação (IPCA, IGP-M etc.), a Selic (taxa básica de juros do Banco Central) ou o CDI (Certificado de Depósitos Interbancários) de tal forma que só é possível saber o valor da remuneração no momento do resgate.
Um exemplo disso é a NTN-B, outro tipo de título público que paga a variação do IPCA no período, índice de inflação medido pelo IBGE, acrescida de uma taxa fixa, hoje em 4,94% considerada a nota com vencimento em 2024.
Tipos de renda fixa
Os principais papéis de renda fixa disponíveis hoje no mercado são: os Títulos Públicos (frações da dívida pública emitidas pelo governo), os CDBs (emitidos por bancos para se capitalizarem), as letras de crédito agrícola (LCA) e imobiliário (LCI), também emitidas por bancos, e as debêntures, que também são frações de uma dívida, como os títulos públicos, mas neste caso privadas, emitidas pelas empresas para se financiarem.
Riscos da renda fixa
A grande vantagem da renda fixa é a segurança, já que a possibilidade de se sair da aplicação com menos dinheiro do que se entrou, em teoria, é muito baixa.
Isso não significa que seja livre de riscos.
O principal deles está ligado à solidez dos emissores dos papéis. Os bancos, empresas e ate os governos podem passar por dificuldades financeiras e mesmo quebrarem, deixando seus credores – você – sem os pagamentos devidos.
Além disso, muitos papéis exigem compromissos de longo prazo – o Tesouro Direto, por exemplo, tem títulos em que o resgate só deve ser feito depois de 30 anos.
Você pode ter imprevistos neste meio tempo e precisar antes do dinheiro, ficando sem ele, sendo obrigado a fazer o resgate precoce ou revender, o que irá te submeter às taxas de comercialização de mercado na data, sem garantias quanto ao retorno.
Por conta deste risco, existe a garantia do Fundo Garantidor de Crédito de até R$ 250 mil/cpf/instituição para os produtos bancários.
RENDA VARIÁVEL
O que é renda variável?
Oposto da renda fixa, a renda variável embute aqueles investimentos em que não há remuneração definida.
Na maior parte dos casos, adquirir um papel de renda variável significa adquirir uma participação ou uma quota de um negócio ou um empreendimento, como são as ações ou os fundos imobiliários.
Investimentos em outros ativos de mercado, como dólar, ouro, negócio próprio e commodities, também se encaixam aqui.
Em todos eles, como em um negócio, os ganhos flutuam com o comportamento do mercado e da economia, e por isso são “variáveis”.
Por conta disso, abarcam muito mais riscos de perdas do que a renda fixa, mas, pela mesma razão, oferecem uma capacidade ilimitada de ganhos.
Tipos de renda variável
As ações são a mais conhecida e mais praticada modalidade de renda variável.
Cada papel emitido é, literalmente, um pedaço de participação no capital social da companhia, tornando seu portador um pequeno sócio com participação nos resultados.
Os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) são outras opções acessíveis; são fundos que possuem participação em prédios corporativos, shoppings, hospitais e outros e permitem a seus cotistas ganharem tanto com os aluguéis mensais quanto com a valorização dos empreendimentos.
Derivativos, commodities, moedas e contratos futuros são outras opções, embora sejam mais complexas e, no Brasil, mais comum entre empresas.
Riscos da renda variável
A renda variável é por definição um investimento de risco.
Em qualquer de suas opções há sempre a possibilidade de se sair de sua aplicação com menos dinheiro do que se entrou.
Isso acontece tanto por flutuações cíclicas da economia, que são o que mexem no médio e longo prazo com consumo, investimentos, preços e, portanto, com o resultado das empresas e empreendimentos, como com choques imprevisíveis, que vão desde crises como a de 2007 até a explosão de investigações como a Lava Jato, que podem derrubar empresas e setores inteiros do dia para a noite.
Acompanhar o desempenho das empresas das quais se é sócio, diversificar e ajustar periodicamente a carteira de investimentos são técnicas que ajudam a contornar ou dirimir estes riscos.
Temos alguns artigos sobre ações, confira:
–Comprar e vender ações: como fazer de maneira lucrativa?
–4 erros que você não pode cometer ao comprar ações
Considerações finais sobre renda fixa e renda variável
Em conclusão, compreender os conceitos e características da renda fixa e da renda variável é essencial para construir uma carteira de investimentos sólida e eficiente.
A renda fixa oferece opções mais previsíveis e estáveis, garantindo a manutenção do patrimônio e oferecendo liquidez, embora com rentabilidade mais baixa.
Por outro lado, a renda variável traz a possibilidade de maiores ganhos, mas também está sujeita a flutuações do mercado e apresenta riscos de perda.
A chave para uma estratégia de investimento bem-sucedida está na diversificação do portfólio, combinando ativos de renda fixa e renda variável.
Cada tipo de investimento desempenha um papel importante na proteção mútua e na otimização dos retornos.
A regra dos 100 pode ser uma referência útil para determinar a proporção de alocação entre os dois tipos de ativos, levando em consideração a idade e o perfil de risco do investidor.
É importante ressaltar que não existe uma fórmula definitiva para a distribuição ideal dos investimentos, pois isso depende de fatores individuais, como objetivos financeiros, horizonte de tempo e tolerância ao risco.
Conhecer bem cada opção de investimento, sua estratégia e seus objetivos é fundamental para tomar decisões informadas.
Por fim, a educação financeira contínua e a busca por orientação profissional podem ajudar os investidores a tomar decisões mais embasadas e alcançar seus objetivos de investimento a longo prazo.
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